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Calçado é «um dos melhores exemplos» do papel da inovação na reinvenção de um setor industrial

Calçado é «um dos melhores exemplos» do papel da inovação na reinvenção de um setor industrial

«Não era possível fazer um Roteiro da Inovação que não tivesse um dia dedicado ao calçado, porque a história recente desta indústria é a boa demonstração de como o motor do nosso desenvolvimento tem que assentar na inovação», afirmou o Primeiro-Ministro António Costa numa jornada dedicada à inovação no setor do calçado.

Numa visita à empresa Procalçado, em Vila Nova de Gaia, o Primeiro-Ministro recordou que a inovação foi o que «relançou o calçado como uma das grandes indústrias do futuro do País».

Recordando que o calçado, «há algumas décadas, enfrentou uma crise grave, com a abertura dos mercados globais, a entrada em força dos países asiáticos e as condições de competitividade a alterarem-se radicalmente».

António Costa referiu – «com orgulho» - que Portugal vende hoje o seu calçado com «o segundo mais alto preço mundial». «E o que aconteceu foi inovação», sublinhou.

Inovação aumentou valor dos produtos

«A indústria do calçado soube reinventar-se e hoje o calçado que produzimos não é o calçado onde deixamos de ser competitivos há 20 anos, é um calçado de elevado valor acrescentado e onde a excelência da nossa produção voltou a fazer desta indústria uma das principais indústrias exportadoras nacionais e um modelo de competitividade», disse.

O exemplo da Procalçado é paradigmático, já que a empresa começou por produzir apenas solas de borracha para outros clientes mas, quando esta atividade passou a ser mais competitiva noutras regiões do mundo, «compreendeu que a experiência adquirida no trabalho da sola permitia fazer um novo caminho, da sola normal para a sola técnica e do material plástico e de borracha na sola para o conjunto do sapato, criando um produto de alta qualidade e com grande valor no mercado».

O Primeiro-Ministro e o Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, visitaram, nesta empresa, o gabinete de desenvolvimento de produto, o pavilhão com o método mais tradicional de fabrico (compressão de borracha) e o pavilhão com o método mais avançado de produção (injeção).

Inovação é «o único modelo de desenvolvimento»

Sublinhando que a inovação é «o único modelo de desenvolvimento» que o País deve seguir, António Costa destacou o «grande alinhamento» que tem de haver a nível das políticas públicas e dos agentes económicos do setor privado, num contínuo investimento na qualificação «que vai do pré-escolar até ao chão de fábrica».

No que se refere às políticas públicas, a formação das crianças é decisiva «porque a geração do futuro tem que estar preparada para trabalhar em muito daquilo que hoje nem imaginamos que venha a ser o trabalho no futuro».

Igualmente o é a formação profissional e o aumento do número de estudantes no ensino superior, porque «não há doutores a mais, há é empregos a menos para a necessidade de quadros que o País tem que formar».

Neste âmbito, recordou os objetivos de aumentar de 34% para 50% da população os portugueses entre os 30 e 34 anos com formação superior, e de elevar de 40% para 60% a geração de 20 anos que em 2030 terá um curso superior.

É também essencial que «os centros de produção de conhecimento possam desenvolver a sua capacidade de investigação», atingindo «em 2030 um investimento de 3% do Produto Interno Bruto» em Investigação & Desenvolvimento, num «esforço que deve ser um terço do Estado e dois terços dos privados».

O Primeiro-Ministro destacou a importância do desenvolvimento de centros de interface que assegurem «a transferência do conhecimento das universidades para dentro das empresas», exemplificando com o calçado, cujo centro tecnológico – que visitou seguidamente – presta serviços a todo o setor, como «um exemplo para toda a indústria».

«Por fim, é essencial que as empresas olhem para o setor do calçado e vejam como estas empresas compreenderam bem que a chave do seu futuro estava precisamente na capacidade de interiorizar esse conhecimento e transformá-lo em fator de inovação em novos produtos e novas técnicas de produção», sublinhou ainda.

Digitalização da indústria

Durante a visita ao Centro Tecnológico do Calçado de Portugal, em São João da Madeira, o Primeiro-Ministro e o Ministro da Economia assistiram à apresentação da estratégia de modernização da indústria do calçado (Footure 4.0) que conta com 50 milhões de euros de investimento até 2020.

António Costa afirmou que a inovação nunca pode parar e que o programa Indústria 4.0 é uma oportunidade para as empresas criarem novos canais de comércio e melhorarem os processos de produção.

«Este investimento de 50 milhões de euros no desafio para a indústria de 4.0 no calçado é a melhor garantia de que a inovação não acabou. Pelo contrário, a inovação continua» e, assim, «vamos continuar a ter a nossa indústria do calçado na linha da frente da competitividade mundial», disse.

A indústria do calçado vai investir 50 milhões de euros em inovação e economia digital para fazer do setor o líder mundial na relação com os clientes através da sofisticação do produto, resposta rápida e nível de serviço, segundo Footure 4.0, que pretende ser um roteiro para economia digital.

Este roteiro, da responsabilidade da Associação dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos, visa explorar as oportunidades criadas pela Indústria 4.0, envolvendo mais de 70 entidades, entre empresas, startup (empresas com potencial de crescimento), universidades, centros de inteligência e entidades do sistema científico e tecnológico.

Benefícios do Indústria 4.0

O Primeiro-Ministro destacou alguns benefícios que o Indústria 4.0 pode trazer às empresas portuguesas, como a criação de novos canais de comunicação e a melhoria de processos de produção.

«Nós vimos aqui pequenas startups que têm uma produção local, mas conseguem exportar para centenas de países através do comércio online», «temos também indústrias que melhoram os seus processos de produção pela incorporação de informação digitalmente recolhida», e «temos também as produções que melhoram com a informação que vão obtendo dos gostos e das tendências dos clientes», disse.

António Costa destacou o trabalho do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal, que «permitiu salvar, renovar e relançar hoje a indústria do calçado portuguesa, como uma indústria de ponta e em que compete com os melhores preços a nível mundial».


in Portal do Governo

2018-03-09

 



 

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